domingo, 11 de março de 2012

Dias cinza...




Procurei em todo lugar, por toda parte...
Onde você estava..?
Subi os montes mais altos
Escalei as maiores montanhas;
Mergulhei nos mares mais profundos e gélidos, mas você não estava.

Percorri os caminhos mais longos e difíceis, na maioria me perdi, e achar o caminho de volta não é tão fácil como esperava.
A maioria das estradas da vida já peguei, mas em nenhuma eu achei a paz que eu tanto procurava;
Foi com o tempo que aprendi que a felicidade poderia esta onde eu menos esperava.

Então o caminho simples eu percorri, mas lá você tambem não estava.
Os dias cinza chegaram e a luz do dia apagou, e a sombra da noite veio e me cegou...
Foi quando percebi, que talvez nesse mundo ela tambem não estava.

Passaram-se dias e noites, mas tudo continuava cinza... alguma coisa ainda me faltava;
Mas procurar onde se a paz ainda comigo não estava.

Um dia irei ti encontrar e perguntarei... Ei felicidade, onde você estava?
Pois cansei de contar estrelas enquanto fazia amigos...amigos... amigo... onde você estava que não veio da cor ao meu dia cinza?

É.. talvez nesse mundo não vou encontra-la. 



terça-feira, 10 de maio de 2011

Um grupo, uma familia...







BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento 
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

“Dizem que amigos são como estrelas... que sempre brilharam, mesmo em meio a maior escuridão...”.

sábado, 2 de abril de 2011

Duas Vidas - Capitulo 7



Sentia um frio terrível subindo minha espinha, e um vazio imenso. Som de sirenes por todos os lados, sinto uma dor muito forte por todo meu corpo, que me faz apagar. Durante um dos poucos momentos que me recordo, escuto alguém chorando, era uma mulher que parecia estar desesperada, mas apaguei de novo.

  - Então doutor, como os meninos vão ficar?              - Perguntou a mãe do Gui -
  - A situação não é boa, o Guilherme vai ficar bem, tem alguns hematomas, e um braço quebrado.
  - Mas o Kauã?
  - Bom, ele esta com uma hemorragia no abdome, tentamos parar o sangramento mas não conseguimos.
  - Como assim doutor?
  - sinto muito, mas... ele não vai passar dessa noite, sinto muito.
A mãe do Gui estava arrasada, o Guilherme estava bem , mas ela já me via como seu filho. E o pior estava por vir, ela ia ter que dizer isso para o Gui.
  - Oi mãe, como esta o Kauã?
  - Bom, filho... ele não esta muito bem não.
  - Como assim mãe?
Então ela segurou a mão dele e começou a chorar e disse:
  - É melhor você ir ver ele, porque talvez seja a ultima vez.
  - Como assim mãe, NÃO FALA ISSO, ELE NÃO PODE MORRER. Ele é meu amigo, é como fosse meu irmão, os médicos tem que fazer alguma coisa.
  - Sim filho, eles já tentaram. Mas não conseguiram estancar o sangramento.
O mundo caiu pro Guilherme, ele já mais pensou que uma simples viajem pode-se terminar assim. Entretanto ele engoliu o choro e pediu pra ir ate meu quarto. Quando chegou me viu deitado em uma cama cheio de aparelhos, e viu que estava faltando alguma coisa em mim.
  - Doutor, o que houve com ele?
  - Durante o choque as pernas dele foram esmagadas, então tivemos que amputar.
  - Isso é horrível, e o motorista?
  - Ele morreu no local. Você teve sorte de ter caido pra fora do caminhão na hora do choque, se não poderia ter morrido também.
  - Doutor, o senhor poderia nos deixar sozinhos?
  - Claro, mas seja rápido.
A visão que o Gui tinha era horrível, acho que nem ele saberia o que me dizer. Então se aproximou da minha cama, segurou minha mão e começou a chorar. Não sei como explicar, mas em meio ao vazio que estava, comecei a escutar um choro, então abri os olhos lentamente e com certa dificuldade disse:
  - Guiilhermeee...
  - Kauã? você acordou, como você esta? ta sentindo alguma coisa?
  - Onde estouu..  não consigo me mexer, não sinto... nadaaa..
  - O caminhão bateu, e estamos no hospital.
  - E você.. esta bem, não se machucou.. ?
  - Eu estou bem, fique quietinho, vai ficar tudo bem!
  - Gui.. você sempre mentiu muito mau...
Logo comecei a ter dificuldades pra falar, então resumi minhas palavras em uma frase...
  - Lembra Gui.., nossa amizade é como o amor das baleias... nunca morre, meeessmo.. após a morte. Sempre amigos... sempre.
Meus olhos começaram a se fechar lentamente e minha respiração a ficar mais fraca. Então uma luz vermelha no aparelho começou a piscar e a fazer um barulho muito alto.
  - Kauã!! KAUÃ!!!
A porta se abre e entram muitos enfermeiros correndo, que logo tiram o Guilherme da sala. Meu coração estava parando e já não respirava mais. O Gui olha pelo vidro da porta e consegue ver o medico tapando meu rosto com um lençol e olhando no relógio. Com lágrimas no rosto e uma tristeza sem fim, ele noto que estava sozinho de novo, que seu amigo tinha ido embora.

Como já não tinha mais ninguém por mim, a mãe do Guilherme cuidou de tudo, velório, enterro, tudo. O Gui estava muito mal, então não conseguiu ir ao velório, não ia conseguir me ver ali, daquele estado. Mas no fim do enterro ele apareceu, depois que as poucas pessoas que tinham ido foram embora.
  - Kauã, espero que você esteja bem onde estiver, nunca vou esquecer você, vai sempre ser meu melhor amigo.
De repente ele olha para traz e duas pessoas estavam se aproximando, para a surpresa dele era os meus avós, os mesmos que não queriam saber de mim.
  - O que vocês fazem aqui?                                        - Disse Gui -
  - Viemos assim que soubemos, lamento muito...         - Disse o vô -
  - Lamentam..? ISSO ACONTECEU POR SUA CULPA, PORQUE VOCÊS BATERAM A PORTA NA CARA DELE.
  - Lamentamos...
  - SAIAM DAQUI, vocês são as ultimas pessoas que ele gostaria que estivessem aqui.
Então eles baixaram a cabeça e se retiraram sem dizer uma palavra.
  - É isso meu amigo, nós somos uma familia, eu, você e a mãe. Sempre, não importa onde você esteja.
Logo começou a escurecer e o Gui foi embora, de cabeça baixa sabendo que voltaria sozinho dessa vez, sem seu melhor amigo ao seu lado.
Passou-se alguns meses mas as lembranças do Guilherme sobre mim, ainda estavam muito fortes. Ele praticamente não tinha vida social, só passava trancado no seu quarto, e pela madruga sua mãe podia escutar seu choro. Sem saber o que fazer ela mandou ele ir para o cassino de novo, ficar um pouco com sua avó para ver se conseguia ficar melhor. Chegando lá, as coisas não mudaram muito, pois todo aquele lugar trazia lembranças boas sobre nós dois. Logo pela manhã, ele levantou cedo, e saiu em direção a praia. Pegou o primeiro barca que foi para alto mar, assim como fez da vez que estava comigo.
  - Nossa meu amigo, você nem sabe como me faz falta... se eu tivesse impedido essa viajem, nada disso teria acontecido, e você estaria por aqui agora.
Então escutasse sons de um grupo de balias passando como da outra vez, e uma brisa suave toca seu ombro, e uma voz serena diz:
  - Amigo, acidentes acontecem, e nada disso é culpa sua. Seremos amigos pra sempre, estarei sempre no seu coração e você sempre no meu. Você nunca vai estar sozinho.
Percebendo de quem era aquela voz, Guilherme olha desesperado para todos os lado.
  - Kauã, é você? onde você esta? me diga?
E não se ouve mais nada, apenas o barulho da água e o motor do barco.
  - Sim... como não percebi antes, você sempre esteve aqui... dentro do meu coração, de onde nunca vai sair.
Um sorri veio no seu rosto como já não acontecia a muito tempo, e percebeu que não importa se ele esta vivo ou não, porque a amizade quando é forte e verdadeira, ela rompe todas as barreiras, a do preconceito, do orgulho e ate mesmo a da morte. E soube que desde o momento que entrei em sua vida, ele jamais estaria sozinho, e poderia tocar sua vida normalmente dali pra frente, porque amigo não se troca, não se compra, nem se vende... amigo a gente sente.




Fim...

terça-feira, 29 de março de 2011

Duas Vidas - Capitulo 6



Os dias passaram e continuei ali com o Guilherme e sua mãe, ao mesmo tempo que procurava o paradeiro de minha mãe biológica. Na verdade essa busca não perdurou por muito tempo; um certo dia a mãe de Guilherme, dona Ângela, chegou em casa com a noticia, da qual aguardava por muito tempo.
 - Kauã, depois de muito procurar consegui achar o paradeiro de sua mãe biológica, mas as noticias não são boas.
 - Ela morreu?
 - Sim... alguns meses depois que ela deixou você no orfanato.
 - Mas conseguiu descobrir o motivo dela não querer ficar comigo?
 - Sim, descobri através de uma vizinha dela. Ela era muito pobre, e não podia criar você.
 - Mas meu pai? Ela não era casada?
 - Não, ate onde sei ela engravidou de um cara em uma festa ou coisa assim, e no final nem sabia quem era, e seus pais logo descobriram e colocaram ela pra fora de casa sem nada. Ela perambulou pelas ruas gravida, sem  nada, morou em um albergue durante um tempo ate você nascer. Assim que você nasceu ela o deixou em um orfanato, e voltou para as ruas onde ficou doente e acabou morrendo.
 - E os meus avós? descobriu onde eles moram?
 - Sim... mas como te disse, eles colocaram ela pra fora por saber que ela estava gravida, então não vão querer saber de você.
 - Tudo bem, entendo.
Durante a noite conversei com o Guilherme sobre o que a mãe dele havia dito, e o que ele achava disso. Estava certo que queria saber quem eram meus avós, mesmo sabendo do risco de eles me correrem de lá, mas teria que ouvir uma segunda opinião.
 - Então Gui, o que você acha?
 - É complicado Kauã, você sabe que pode chegar lá, e eles nem olharem pra sua cara.
 - Eu sei, mas só posso ter certeza estando lá.
 - Bom, se você quiser ir ate lá, eu ti acompanho você sabe.
 - Claro que sei, você jamais me deixaria ir sozinho. Mas... não posso adiar mais, queria ir hoje a noite, mas tenho medo que sua mãe não goste.
 - Ela vai ficar furiosa, mas logo passa.
Então pegamos duas mochilas, uma colocamos as nossas roupas e na outra colocamos comida. Meus avós moram em São Paulo, é como não havia muito dinheiro, só para a viagem de ida, teríamos que voltar de carona. Fizemos um bilhete, e colocamos do lado da cama da dona Ângela, pedindo desculpas pelo que estávamos fazendo, e que fim de semana estávamos de volta. Então partimos.
 - Mas São Paulo é grande Kauã, você sabe bem pra onde estamos indo?
 - Sim, sua mãe disse que eles moravam em Mogi das Cruzes, tenho alguns amigos por lá, eles podem nos mostrar onde fica isso.
 - Amigos?
 - Sim, conheci eles na net, pode ser que eles se lembrem de mim ainda.
Saímos de Pelotas rumo a Porto Alegre, e pegamos um avião direto pra São Paulo, sem nenhuma certeza, só com nossa vontade mesmo, chegamos lá por volta do meio dia.
 - Nossa Kauã, essa cidade é muito grande, vamo sofrer ate achar seus avós.
 - Realmente, não imaginei que fosse tão grande assim.
 - E como vamos achar seus amigos?
 - Vamos pegar um ônibus ate Mogi, e quando chegar lá, ligamos pra eles.
 - Quem são?
 - Felipe e Gustavo, eles tem uma banda.
 - Legal... qual o nome?
 - Banda Hartt.
Com o nosso ultimo dinheiro pagamos uma passagem ate Mogi, chegamos por volta das três horas da tarde, a primeira coisa que fiz foi ligar para o Feeh. O telefone tocou e tocou e ninguém atendeu.
 - E agora Kauã? se eles não tiverem em casa, ou o numero tiver errado?
 - Vou tentar ligar pro Guh.
Novamente tocou e tocou, mas quando estava quase desistindo...
 - Alô... quem fala?
 - É o Guh?
 - Sim, é ele mesmo.
 - Aqui é o Kauã lembra? Kauã de Pelotas, o cara se fala por msn.
 - AAA é você KaKa, fala garoto, por que me ligas?
 - Então... estou aqui em Mogi, e estou precisando da sua ajuda..
 - Serio? você esta aqui manolo!!! Diz ai onde você esta que vou ai.
 - Estou na rodoviária, se sair daqui nem sei voltar hahahaha.
 - Guenta ai que já to chegando.
Depois de uma hora mais ou menos, ele chega...
 - AWe kakaaa, jamais imaginei ver você por aqui.
 - Pois é... esse aqui é meu amigo que veio comigo, o nome dele é Guilherme.
 - AWe Guilherme, tudo bem com você?
 - Sim, sim, mas pode me chamar de Gui.
 - Então manolo, você disse que estava precisando de minha ajuda, é só falar!
 - Seguinte, é uma historia longa....
Expliquei tudo pra ele, e ficou muito surpreso com o que contei.
 - Ta loco veio... sinistro essa sua historia, mas o lugar mais fácil de achar eles é ir ate o correio, lá eles tem todos os endereços.
 - Ótima idéia, você pode nos levar ate lá?
 - Claro meu irmão.
Chegamos no correio mais proxímo da rodoviária, e contamos nossa historia, comovido o gerente decidiu nos ajudar e não demorou muito descobrimos o endereço certo. Como já estava muito tarde o Guh nos convidou para ficar na casa dele, e como não tinha onde ficarmos e nem dinheiro, aceitamos, e deixamos para ir de encontro a meus avós no outro dia. Conversamos muito e ficamos sabendo que a banda tinha acabado e o Feeh tinha se mudado. Na hora da janta ficamos morrendo de vergonha, mas mesmo assim comemos muito, porque sabíamos que no outro dia não teríamos muito o que comer.
Acordamos pela manha e tomamos um café antes de sair, nos despedimos do Guh e seguimos nosso caminho.
 - Muito legal o Guh e a sua familia.                          - Comentou Gui -
 - Muito mesmo, se não fosse eles nem sei o que seria da gente.
Não demorou muito e achamos a lugar, fica proxímo a saída da cidade.
 - Bom... é aqui Gui, seja o que Deus quiser.
Tocamos a campainha e uma senhora veio nos atender.
 - Pois não? no que posso ajuda-los?
 - Aqui é onde mora a senhora Maria, e o senhor João Cândido.
 - Sim, o que vocês desejam com eles?
 - Poderíamos falar com eles?
A senhora nos olhou toda desconfiada, mas mesmo assim nos mandou entrar e sentar.
 - Vocês querem um café?
 - Seria ótimo.                                                        - Disse Gui já faminto -
 - E quando poderia falar com eles?
A senhora não respondeu e foi ate a cozinha buscar o café, alguns minutos depois ela veio com uma bandeja cheia de biscoitos e colocou na mesa, em segundos o Gui já tinha devorado tudo, mas como estava muito nervoso não toquei em nada.
Logo depois a porta se abre e aparece um senhor muito bem vestido e com uma cara fechada.
 - Então garotos, o que querem comigo e minha esposa?
Nem sabia o que falar, eles eram meus avós de verdade e não sabia o que dizer. Então a única coisa que veio em mente eu disse.
 - É sobre a Dóris.
Quando falei esse nome a senhora deixou cair no chão a bandeja que estava levando e o senhor fico muito irritado.
 - Quem são vocês e o que sabem daquela lá?
 - Bom...
Já meio trêmulo e muito nervoso eu disse:
 - Eu sou filho dela... eu sou seu neto.
Não sei bem o que pensava na hora, talvez que ele fosse abrir um sorriso e me abraçar e me chamar de netinho, como qualquer avô faz... não foi o que aconteceu.
 - COMO É?
Ele deu um chute na mesa que estava em nossa frente.
 - SAI JÁ DA MINHA CASA, O QUE VOCÊ QUER AQUI? SUMAAAA.
Virou-se de costas e subiu uma escada que tinha do lado da porta que talvez desse ate o quarto deles. O Guilherme me olhou com uma cara triste e me disse:
 - Sinto muito, mas você sabia que isso podia acontecer.
Mas... estávamos esquecendo de uma pessoa, a avó, olhamos pra ela, e ela estava estagnada, como tivesse vendo um fantasma. Então ela veio ate mim e tremendo tocou meu rosto e disse:
 - Você... você é muito parecido com ela.
Então começou a chorar e me abraçou, mas logo me olhou e disse:
 - Você tem que ir embora.
 - Mas... vó, eu quero conhecer você?
 - Meu garotinho... se agente quisesse conhecer você, já teríamos ti procurado. Você não tem nada aqui. Volte pra sua casa.
Não posso imaginar o que aconteceu aqui nessa familia pra eles me odiarem tanto sem nem me conhecer, afinal... quais avós não se comoveriam em conhecer um neto, ainda mais se ele tivesse na sua frente chorando e dizendo que precisa deles. Então Guilherme cheio de raiva por ver tudo aquilo disse:
 - Não temos dinheiro pra voltar, nem onde ficar. Ele é seu neto, pelo amor de Deus, tenha consideração.
Assim que ele terminou de dizer aquilo o velho desceu e disse:
 - Saiam daqui agora ou eu chamo a policia. FORAAAAA.
Nem precisava ele ter dito aquilo, porque antes que terminasse a frase eu já estava saindo pela porta. Ficamos vagando pela rua, ate que escuto uma carro se aproximando e parando do nosso lado, era a minha avó em um taxi. Ela abriu o vidro e me alcançou um dinheiro.
 - Tome, é pra você voltar pra casa.
 - Não preciso do seu dinheiro.
 - Ate nisso você é igual a ela... orgulhoso.
Mas como a situação não era das boas, Gui logo pegou o dinheiro por mim. Aquela velha senhora que eu adoraria chamar de vó, ficou me olhando e disse.
 - Se cuide, você é muito lindo igual a ela. Cresça e seja alguém na vida, mas não volte a nos procurar.
Depois disso fechou a janela e foi embora.
 - Nossa, que velha pão duro, esse dinheiro só da pra irmos ate Santa Catarina e de ônibus.  - Falou Gui -
 - Bom, vamos ter que pedir carona de la então.
Pegamos o primeiro ônibus em direção a Florianópolis, não sei se por causa de toda a decepção que tive ou pelo cansaço mesmo, mas a viagem parecia que não ia ter fim. Após umas nove horas de estrada chegamos ate o destino, e só nos restava acharmos alguém que fosse em direção a Pelotas, mas acredite, não foi fácil. Ficamos cerca de duas horas segurando uma plaquinha escrito "Pelotas" na beira da estrada.
 - Mas que merda, onde estava com a cabeça quando pensei nisso. Ninguém vai sair de Florianópolis e ir pra Pelotas.
 - Calma Kauã, alguém vai passar.
Mal ele terminou de dizer isso e um caminhão parou.
 - E ai garotos, querem ir pra Pelotas?
 - Sim sim, o senhor nos leva?
 - Claro, sobe ai.
Entramos e fomos conversando a viagem toda, e conhecemos a historia dele e ele a nossa. Um caminhoneiro que vive indo e vindo de Pelotas, e tem uma familia grande por la, tivemos sorte de encontrar alguém desceste nessa estrada. Ele parou em um posto e nos pagou um lanche completo, pois viu que estávamos famintos.
Mas a vida as vezes nos prega peças e nos castiga por tomarmos decisões sem pensar direito. Quando estávamos próximo de Pelotas já, o caminhoneiro estava visivelmente cansado, e nós estávamos dormindo. Em uma curva ele saiu da estrada e ficou na contra mão, e batemos de frente com outro caminhão...

domingo, 27 de março de 2011

Duas Vidas - Capitulo 5



Viagem longa de volta para casa, mas dessa vez estava acompanhado o que tornava menos cansativa. Assim que colocamos os pés em Pelotas, a primeira coisa a ser feita era correr para casa, mas o Guilherme preferiu passar pelo centro primeiro.
 - O que vais fazer aqui Guilherme?
 - Como voltamos antes, vou ter que ir pra escola amanhã, então tenho que compra os materiais.
 - Entendo, mas não tinha outra hora pra pensar no colégio não?
Mal tinha acabado de falar, e quem surgi em nossa frente... Nathan, com toda aquela cara de pau dele.
 - Awe, Kauã... pelo visto você foi para os lado gay de vez em hahahahaa.
Antes que ele pode-se completar outra frase eu parti pra cima dele, mas o Guilherme interferiu.
 - Espere, Kauã... não vale apena.
 - Olha só, a namoradinha dele o defendeu.
Inesperadamente, Guilherme se vira pra ele e diz:
 - Namoradinha é?
E prende um soco em Nathan que cai no chão direto, e quando tenta se levantar Guilherme o acerta outro golpe.
 - E ai? sem seus amigos você não é tão valente né?
 - Sua bixa nojenta...
 - Veja só... você apanhou de uma bixa nojenta.
Nathan cheio de raiva se levanta e vai direto pra cima de Guilherme, que em apenas um movimento desvia e acerta um soco de direita... agora sim, Nathan caiu e não levantava tão cedo.
 - Nossa Guilherme... não imaginava que você tivesse esse poder todo hahahahaa.
 - Nem tanto, é que ele me subestimou por eu ser gay, e levou a pior.
Saímos dali e deixamos Nathan jogado no chão ate que alguém aparece-se pra recolher ele do chão. E com tudo que o Guilherme precisava comprado, fomos direto pra casa.
 - O que você espera encontra quando chegar em casa?
 - Não sei... mas minha minha mãe agiu muito estranhamente, então certo que tem algo estranho.
 - Acho melhor você passar na minha casa primeiro, depois vai la.
 - Por mim tudo bem, ela só espera que eu chegue fim de semana mesmo.
Cheguemos ate nossas casas, que ficavam uma do lado da outra. Ao passar em frente a minha olho e vejo tudo fechado, como se não tivesse ninguém por ali.
 - Viu Kauã... provavelmente ela nem esteja em casa.
 - É o que parece mesmo.
 - Entre, vamos tomar um café, depois você vai ali.
Entramos e a mãe do Guilherme ficou surpresa por ver agente chegar tão cedo. Tomamos um café bem reforçado e subimos para o quarto dele, largar os materiais e da uma mexida na net. Ao passar pelo corredor vejo um quadro com uma foto.
 - Esse é seu pai?
 - Sim, sim, é ele mesmo.
 - Sua vó disse que ele estaria em casa... onde ele esta?
 - Minha mãe disse que ele foi correr no quarteirão.
 - Bom, Gui... vou ali em casa.
 - Tudo bem, depois se falamos.
Sai da casa do Gui e fui para minha, peguei minha chave e tentei abrir a porta da frente mas pra minha surpresa ela já estava aberta, mas como tudo estava fechado, era certo que não tinha ninguém. Entrei com todo cuidado para não fazer barulho, e subi direto para o quarto da minha mãe; a porta estava fechada, então abri ela bem de vagar... a primeira coisa que vejo são roupas jogadas no chão, e ouço alguns gemidos e vozes; " óóóó, mais, mais soca mais óóó". Então empurro a porta com toda força e a cena que vejo é minha mãe pulando em cima de um cara.
 - Mas o que é isso? Você espera eu sair de casa pra trazer seus machos aqui pra dentro!!!
 - KAUÃ... era pra você esta no cassino!!
 - E era pra você esta trabalhando, não trepando com qualquer... pera ai...
Olhei bem na cara daquele homem e logo o conheci.
 - Você é o pai do Guilherme!!!
 - Calma Kauã... nós podemos explicar!
 - CALMA NADA! VOCÊ CONVIDO A MULHER DELE PRA ALMOÇAR AQUI EM CASA, E HOJE TA DANDO PRO MARIDO DELA!!!! SUA PUTAAA!!
Me virei e sai correndo pra sala, ela se enrolou em um lençol e veio a traz de mim.
 - Espera ai, do que você me chamou?
 - Do que você é mesmo, uma puta!!
Ela me prendeu um tapa na cara cheia de raiva.
 - Você não tem nada haver com minha vida, eu fico com quem eu quiser.
 - Você pra mim morreu, você não é minha mãe, você NUNCA RESPEITO A MEMÓRIA DO MEU PAI!
 - Seu pai, que pai? VOCÊ NÃO TEM PAI!!
 - Como assim?
 - Você é adotado, escutou bem? ADOTADOOO!!
Quando escutei aquilo congelei, e fiquei parado olhando pra ela.
 - Eu precisava ficar com seu pai, então como não conseguia ter filhos tinha que conseguir algum pretexto pra ele não me deixar.
 - Então... então porque você...
 - Porque eu queria ter todo esse dinheiro que ele deixo, só isso! ai você cresceu e tive que manter tudo isso, e mesmo eu ti dando de comer, abrigo educação.. é assim que me agradece?
 - Você me enganou esse tempo todo... nunca mais quero ver sua cara!!
Sai porta fora, logo depois saiu o pai do Guilherme já vestido, mas a gritaria foi tanta que quando ele sai na rua a vizinhança estava toda na lá... inclusive a mulher dele e o Guilherme. E como todo o marido inocente, ele tento explicar, mas a sua esposa só se virou de costa e entrou pra dentro e fechou a porta deixando ele na rua. Depois de alguns segundos uma janela se abre, e roupas começam a voar pela calçada.
 - Pegue seus trapos e suma das nossas vidas!!
Ele recolhei as roupas e foi embora. Nesse tempo eu tinha feito a mesma coisa, e sai sem rumo, sem saber pra onde ir.
 - Kauã, Kauã, espera.   - disse Guilherme -
 - O que foi Guilherme?
 - Onde você vai?
 - Você escutou tudo né?
 - Sim, sim...
 - Não posso ficar de baixo do mesmo teto que aquela mulher.
 - Então vai la pra casa, minha mãe não se importa.
 - Ela deve esta me odiando também, afinal foi a mulher que chamava de mãe que dormia com o marido dela.
 - Não, fique tranquilo, você não tem nada haver com isso. Vem.. vamos lá.
Sem ter pra onde ir , fui com ele mesmo sabendo que ia ficar do lado da casa daquela vadia. Pra minha surpresa a mãe dele me tratou super bem, me deu um copo de água para me acalmar, e me chamou ate a sala para conversarmos.
 - Olha Kauã, o que aconteceu não tem nada haver com você, pode ficar aqui sem problemas.
 - Mas, eu não suporto ficar perto dela. Saber que ela mora ai do lado vai ser algo repugnante pra mim.
 - O que ela fez foi errado sim... o Guilherme soube desde pequeno que era adotado, talvez esse tenha sido o maior erro dela, não ter ti contado isso cedo.
 - O Guilherme é adotado?
 - Sim, eu não posso ter filhos, então adotamos ele. Mas o pai dele não queria, por isso nunca tratou ele bem.
 - Mas você é muito diferente daquela mulher, você é uma mãe de verdade.
Ela veio ate mim e me abraçou, como minha falsa mãe nunca tinha feito antes. Passei a noite ali e pela manha vejo um caminhão de mudanças em frente a minha casa. Sai na rua e ela estava fechando a porta.
 - O que você esta fazendo?
 - Vendi a casa e estou indo embora, suas coisas estão ali do lado do lixo, melhor pegar antes que o lixeiro pegue.
Mesmo sentindo nojo dela, era o que eu via como mãe, e ver ela me tratando assim.... comecei a chorar...
 - Mas e eu?
 - Você? você não é problema meu, não é meu filho, cansei de fingir. Se vire por ai, mas só não me procure.
Desabei naquele momento, sem casa, sem mãe, sem nada... o que seria de mim agora? Ela entrou dentro do carro de um cara e foi embora. Quando olho pra traz o Guilherme e sua mãe estavam recolhendo minhas coisas do lixo.
 - O que vocês estão fazendo?
 - Estamos pegando suas coisas pra levar pra dentro né.     - Disse Guilherme -
 - Mas, porque? vocês não tem nenhuma obrigação comigo.
 - Claro que temos! você é amigo do meu filho, e nossa familia esta com um a menos agora, esta sobrando vaga... você quer?                                                             - Disse a mãe do Guilherme sorrindo -
Estava muito feliz por escutar aquilo, talvez pode-se ter uma familia, mesmo se não fosse minha eu podia fazer parte.
 - Sim sim, claro que quero.
Então entramos para dentro de casa, e ficamos conversando sobre muitas coisas. Uma delas era sobre o que eu queria fazer agora que soube que sou adotado. Respondi sem nenhuma duvida.
 - Agora quero descobri quem é minha mãe de verdade.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Duas Vidas - Capitulo 4



Depois de um abraço forte, ele me convidou para entrar. Sua avó me viu daquele estado, todo molhado e tremendo de frio e me mandou direto pro chuveiro, tomar um banho quente. Com o banho tomado, voltei para sala, onde sua avó fez um questionário de perguntas pra saber o que eu estava fazendo ali com aquele tempo. Mas o Guilherme praticamente respondia por mim, parecia que já tinha tudo esquematizado.
Tudo respondido, sua avó foi fazer algo para nós comermos, e aproveitei que estávamos sozinhos para saber como ele estava.
 - Guilherme, você esta bem mesmo? tipo, não esta machucado ou com dor em algum lugar?
 - Sim, sinto um pouco de dor nas costas pelos chutes, e nas costelas pelos socos. Mas nada de mais, são só alguns hematomas.
 - Mas tipo... e lá?
 - Lá aonde?
 - Lá a traz horas!!
 - hahahaa não não, tudo bem. Só o nojo, de lembrar que fui tocado por eles. Isso é o pior.. pior ate que a dor dos pontapés que levei.
 - Entendo, mas saiba que sinto muito também, principalmente por ter demorado em ti ajudar..
 - Eu sei, mas relaxa, não fique pensando nisso, se você não tivesse me ajudado teria sido pior. O melhor é esquecer tudo que aconteceu.
 - Ainda bem que você enxerga as coisas desse jeito.
Após esse papo, jantamos e fomos deitar. Mas ainda conversamos um pouco durante a noite, mas como não tinha dormido quase a noite passada, apaguei logo.
O dia amanheceu e fui acordado com alguns sussurros.
 - Kauã, acorda, acorda.
 - Hummmm.... o que foi Guilhermeeee... deixa eu dormi.
 - Levanta logo antes que avó acorde.
 - Mas pra que?
 - Quero ti mostra uma coisa.
 - Tudo bem, Tudo bem...
Mesmo contra minha vontade; que era dormi ate mais tarde, levantei, tomei um banho e sai com ele.
 - O que é tão importante assim? Não podia nem esperar o café?
 - Para de reclamar, você vai curtir muito quando chegarmos.
Caminhamos muito tempo na beira da praia, o dia estava muito lindo, quase não tinha nuvens no céu e uma brisa muito suave.
 - Esse dia esta muito massa... sente essa brisa? é muito legal, primeira vez que vejo o mar.
 - hahahaaha é estranho ver você falando assim, normalmente os heteros não costumam demonstrar sentimentos. Ainda mais desse tipo, de descrever uma brisa do mar ou um dia bonito.
 - hahahaa realmente... eu também, pensei que todo gay fosse fresco, e meio afeminado. Mas você é diferente, não é como um hetero, mas engana muito bem.
 - As vezes as pessoas julgam sem conhecer, sem saber como você é de verdade, tipo... preferem ver com os olhos da sociedade, e o que eles vão pensar se você tiver um amigo gay.
 - Realmente, ainda bem que não sou assim, não mais pelo menos.
 - Pronto, chegamos.
 - O que é aquilo?
 - Um ancoradouro, vamos dar uma volta de barco. Você curti?
 - Nossaaa... serio? nunca andei de barco antes.
Quase não acreditava que ia poder andar de barco, sempre sonhei com isso, mas sempre tive medo. Estava um pouco assustado vendo toda aquela água em nossa volta,mas logo relaxei.
 - Isso é muito legal, vlw mesmo Guilherme.
 - Que nada, aproveite só.
 - Me diga uma coisa... já namorou um menino?
 - Na verdade não... Sempre tive medo que alguém descobrisse, principalmente meu pai.
 - Sua mãe sabe?
 - Sim, avó também... hahaahah ela queria saber se você era meu namorado hahahaa.
 - hahahaah, mas um dia você vai ter que conseguir alguém, e você sabe disso.
 - Eu sei... mas melhor pensar nisso só quando chegar o momento. E você, porque não namora?
 - Bom, eu gosto de uma menina lá da escola, a Karen... vou apresentar ela pra você quando voltarmos.
 - Mas ela sabe?
 - Na verdade não, mas um dia eu falo hahahaaha.
O papo ia rolando e do nada escuto um som muito estranho.
 - Escutou isso? O que será?
 - hahahaa sim sim, escutei.
Ele me pegou do braço e me puxou ate o outro lado do barco.
 - Veja ali!!
 - Nossaaa, é o que eu estou pensando mesmo? São baleias?
 - Sim, sim, são lindas... sempre que venho aqui, pego esse barco nessa mesma hora para poder ver elas passarem.
 - É incrível, nunca tinha visto baleias assim.. ao vivo, só na TV mesmo.
 - Sabe de uma coisa incrível... uma baleia quando acha um companheiro ou uma companheira, eles vivem juntos a vida inteira, e se um deles morrem, o outro fica sozinho o resto da vida, tipo... é um amor de verdade, vão continuar juntos mesmo após a morte.
 - Legal isso...
 - Queria que nossa amizade fosse como o amor das baleias, insubstituivel, e que continua-se mesmo após a morte. Amigos de verdade... e para sempre...
 - Isso já somos, e nossa amizade é mais que verdadeira, e vai ser pra sempre...
Apertamos as mãos e sorrimos, e continuamos vendo as baleias passarem. Depois de um tempo em silencio observando toda aquela maravilha, começamos a conversar de novo, mas agora sobre um assunto que vai mudar nossas vidas como nunca pensamos antes.
 - Você disse que seu pai não sabe de você, porque sua mãe nunca contou?
 - Ela tenta agradar ele de todo o jeito, então sabe que ele poderia ate mesmo me botar pra fora de casa se soubesse disso.
 - Até hoje não vi ele... ele viaja muito?
 - Sim sim, todo o fim de semana. Ele fala que é alguns seminários, que precisa palestrar em algumas cidades. sobre arquitetura e saneamento básico.
 - Engraçado, minha mãe também... ela viaja quase todo fim de semana. Mas nunca perguntei o que ela fazia.
Logo o passeio acabou e voltamos par casa da avó dele, onde um café da manha muito farto nos esperava. A vovó dele era muito legal mesmo, por isso ele veio correndo para casa dela quando estava triste, impossível  se sentir mal com tanto carinho e cuidado.
 - Meninos, a mãe de vocês ligou, e disse que vocês iriam voltar só no fim de semana.
 - Serio? e minha mãe o que disse?
 - Ela disse que estava tudo bem.
 - E a minha vó?
 - Ela não gosto muito, mas você sabe como é sua mãe né.
Não podia acreditar naquilo, a minha mãe não falou nada, ela sempre se preocupa com a minha escola. Certo que tinha coisa errada ai... a avó do Guilherme ter dito que voltaria só no fim de semana foi algo muito bom, porque poderia ir embora antes e chegar sem ela saber.
 - Bom isso né Kauã, ferias antecipadas.
 - Não... eu não vou ficar ate o fim de semana, vou embora amanhã mesmo.
 - Mas porque menino, fique aqui.. sua mãe não se importa.  - Disse avó -
 - Claro Kauã, vamos aproveitar mais um pouco.
 - Você não entendi... minha mãe jamais teria sido tão legal assim... ela deve esta aprontando alguma coisa que não quer que eu saiba. Então vou descobrir.
 - Bom... se esse é o caso, vou com você então.
A avó dele voltou a interferir.
 - Sua mãe disse que seu pai já voltou, você vai querer ir mesmo meu filho?
 - Sim né vó, uma hora eu vou ter que olhar pra cara dele.
Continuamos aproveitando o dia e não pensamos mais nisso, quando chegou a noite dormimos bem cedo, porque o dia foi muito agitado e estávamos cansados pra caralho.
O dia chegou e a hora de ir embora também..
 - Tchau vó, vou sentir muito sua falta, mas nas ferias eu volto. Ou num fim de semana desses.
 - Claro meu neto querido, volte sim e traga seu amigo junto...
 - Venho sim senhora, muito obrigado por tudo.
Antes de sair olhei pra traz, para admirar aquele lugar lindo de novo, como se fosse a ultima vez que veria aquilo. Pois foi ali que consegui sentir paz pela primeira vez, e sentir que teria um amigo para o que der e vier, um irmão que nunca tive.
 - Ei Kauã... não fica parado ai, vamos logo se não perderemos o ônibus.
 - Claro, desculpa... meu pensamento foi longe e esqueci disso hahaha.
Sentia como tivesse saindo do paraíso e voltando para o inferno, nem podia imaginar o que me esperava quando chega-se em casa.

terça-feira, 22 de março de 2011

Duas Vidas - Capitulo 3



O tempo parou, e só consegui ver ele sentado ali, totalmente desolado. Peguei suas roupas e levei ate ele, mas quando em aproximei ele virou o rosto e continuo com aquele olhar perdido.
 - Guilherme, sinto muito. Não consegui fazer nada.
Mesmo assim o silencio persisti, e sem falar nada ele se levanta e pega suas roupas de minhas mãos, as veste e vai embora sem dizer uma só palavra.
 - Guilherme, espera...
Mas nem me olhou.
Arrumei toda aquela bagunça e depois me joguei no sofá, não ia conseguir dormi mesmo, porque quando fechava os olhos aquela cena vinha em minha cabeça, era como se tivesse acontecendo tudo de novo.
Quando estava quase conseguindo dormi já estava amanhecendo, então apaguei por um tempo. Durante o sono tive um pesadelo horrível e acordei de repente e olhei para o relógio, era 14:30, havia dormido toda a manha. A primeira coisa que fiz foi ir ate a casa do Guilherme, pois tinha que saber como ele estava. Chegando perto da porta da sua casa, a mãe dele estava saindo.
 - Bom dia senhora.
 - Bom dia Kauã.
 - O Guilherme esta em casa?
 - Não... ele acordou hoje cedo e disse que queria ir pra casa da avó dele no Cassino. Não entendi nada, mas ele pareceu tão ansioso que deixei ele ir.
A coisa estava pior que pensava, ele não queria nem ficar por perto... mas como podia ser diferente? ele foi traido pelo único amigo que ele tinha, e foi estuprado por três idiotas. Eu já sabia o que tinha que fazer, então esperei minha mãe chegar.


 - Kauã.. cheguei.
 - Oi mãe.
 - A casa esta tão arrumada, o que houve?
 - Nada não. Mãe?
 - Sabia que tinha algo mais... fala logo?
 - Posso ir para o Cassino com o Guilherme?
 - Quando?
 - Hoje mesmo.
 - Você esta loco? já são 19:00 horas, nem ônibus deve ter, e você tem aula amanhã.
 - Mãe... é um caso de vida ou morte, eu preciso ir.
 - O que houve? agora você esta me assustando.
 - É que fui um idiota com o Guilherme ontem, e ele viajou sem nem falar comigo, tenho que pedir desculpas pra ele.
 - Nossa... você se importando com alguém, deve ter acontecido alguma coisa muito forte.
 - Sim... não posso falar o que houve, mas me deixe ir, por favor?
 - Tudo bem, espero que ele queira ti ouvir. Faça sua mala que ti levo ate a rodoviária.
 - Já fiz, é só me levar.
 - Tudo bem então.
Enquanto minha mãe ia tirando o carro da garagem fui ate a casa do Guilherme de novo, tinha que saber onde ficava a casa da avó dele.
 - Senhoraaaa, esta em casa?
 - Oi, aconteceu alguma coisa?
 - Não, não, só preciso saber onde fica a casa da avó do Guilherme.
 - Claro, fica na rua Marechal, N° 223. Mas pra que você quer saber?
Assim que ela respondeu, sai correndo pra dentro do carro em direção a rodoviária.
 - Pronto Kauã, aqui tem o dinheiro pra sua passagem de ida e volta, e um extra pra qualquer eventualidade.
 - Obrigado mãe, eu volto logo.
 - Ele me agradeceu... nossa, ele esta diferente mesmo.
Corri o mais rápido que consegui para comprar a passagem a tempo.
 - Moça, me de uma passagem pro cassino!
 - Boa noite, é R$ 7,50, melhor correr porque ele já esta de saída.
Sai correndo e nem peguei o troco, felizmente cheguei a tempo. A viajem foi longa e cansativa, mas passei todo o tempo acordado pensando no que dizer quando visse ele.
Era 21:00 horas quando chegamos, estava chovendo muito, mas tinha que prosseguir. Como não sabia onde começar a procurar, perguntei para um taxista que estava parado em frente a rodoviária.
 - Moço, sabe onde fica esse lugar? Marechal N° 233?
 - Sim, sim, deve ficar próximo a praia. Sobe ai que levo você ate la.
 - Só prefiro que o senhor me avise quando chegarmos a essa rua.
 - Ta bem.
Levou uns 20 min. ate chegarmos.
 - Pronto garoto. Essa é a rua.
 - Vlw, me deixe aqui mesmo.
 - São R$ 22,00.
Paguei o motorista e segui a pé ate achar a casa certa, já estava todo molhado e tremendo de frio, ate que olho para o outro lado da rua e vejo ele pela janela. Estava escorado no vidro como uma cara triste e olhar perdido. Atravessei a rua e bati na porta, esperei alguns minutos e ninguém atendeu, ate que bati de novo. A porta se abre e ele estava do outro lado, quando me viu todo molhado e tremendo de frio não conseguiu entender o que eu estava fazendo ali, então olhei pra ele e disse:
 - Perdão.
Uma lágrima escorre pelo meu resto.
 - Jamais pensei que isso podes-se acontecer.
Então ele me olha com os olhos cheios de lágrimas e diz?
 - Eu confiei em você. Achei que você fosse meu amigo.
E uma lágrima triste escorre pelo rosto dele também.
 - Você, é o único amigo verdadeiro que tive, sei que não deveria ter contado. Mas me perdoá.
Depois que digo isso, ele baixa a cabeça e fica calado por alguns minutos. Então levanta a cabeça de novo e agora já em prantos diz:
 - Por favor, não faz mais isso.
E me da um abraço forte.