terça-feira, 22 de março de 2011

Duas Vidas - Capitulo 3



O tempo parou, e só consegui ver ele sentado ali, totalmente desolado. Peguei suas roupas e levei ate ele, mas quando em aproximei ele virou o rosto e continuo com aquele olhar perdido.
 - Guilherme, sinto muito. Não consegui fazer nada.
Mesmo assim o silencio persisti, e sem falar nada ele se levanta e pega suas roupas de minhas mãos, as veste e vai embora sem dizer uma só palavra.
 - Guilherme, espera...
Mas nem me olhou.
Arrumei toda aquela bagunça e depois me joguei no sofá, não ia conseguir dormi mesmo, porque quando fechava os olhos aquela cena vinha em minha cabeça, era como se tivesse acontecendo tudo de novo.
Quando estava quase conseguindo dormi já estava amanhecendo, então apaguei por um tempo. Durante o sono tive um pesadelo horrível e acordei de repente e olhei para o relógio, era 14:30, havia dormido toda a manha. A primeira coisa que fiz foi ir ate a casa do Guilherme, pois tinha que saber como ele estava. Chegando perto da porta da sua casa, a mãe dele estava saindo.
 - Bom dia senhora.
 - Bom dia Kauã.
 - O Guilherme esta em casa?
 - Não... ele acordou hoje cedo e disse que queria ir pra casa da avó dele no Cassino. Não entendi nada, mas ele pareceu tão ansioso que deixei ele ir.
A coisa estava pior que pensava, ele não queria nem ficar por perto... mas como podia ser diferente? ele foi traido pelo único amigo que ele tinha, e foi estuprado por três idiotas. Eu já sabia o que tinha que fazer, então esperei minha mãe chegar.


 - Kauã.. cheguei.
 - Oi mãe.
 - A casa esta tão arrumada, o que houve?
 - Nada não. Mãe?
 - Sabia que tinha algo mais... fala logo?
 - Posso ir para o Cassino com o Guilherme?
 - Quando?
 - Hoje mesmo.
 - Você esta loco? já são 19:00 horas, nem ônibus deve ter, e você tem aula amanhã.
 - Mãe... é um caso de vida ou morte, eu preciso ir.
 - O que houve? agora você esta me assustando.
 - É que fui um idiota com o Guilherme ontem, e ele viajou sem nem falar comigo, tenho que pedir desculpas pra ele.
 - Nossa... você se importando com alguém, deve ter acontecido alguma coisa muito forte.
 - Sim... não posso falar o que houve, mas me deixe ir, por favor?
 - Tudo bem, espero que ele queira ti ouvir. Faça sua mala que ti levo ate a rodoviária.
 - Já fiz, é só me levar.
 - Tudo bem então.
Enquanto minha mãe ia tirando o carro da garagem fui ate a casa do Guilherme de novo, tinha que saber onde ficava a casa da avó dele.
 - Senhoraaaa, esta em casa?
 - Oi, aconteceu alguma coisa?
 - Não, não, só preciso saber onde fica a casa da avó do Guilherme.
 - Claro, fica na rua Marechal, N° 223. Mas pra que você quer saber?
Assim que ela respondeu, sai correndo pra dentro do carro em direção a rodoviária.
 - Pronto Kauã, aqui tem o dinheiro pra sua passagem de ida e volta, e um extra pra qualquer eventualidade.
 - Obrigado mãe, eu volto logo.
 - Ele me agradeceu... nossa, ele esta diferente mesmo.
Corri o mais rápido que consegui para comprar a passagem a tempo.
 - Moça, me de uma passagem pro cassino!
 - Boa noite, é R$ 7,50, melhor correr porque ele já esta de saída.
Sai correndo e nem peguei o troco, felizmente cheguei a tempo. A viajem foi longa e cansativa, mas passei todo o tempo acordado pensando no que dizer quando visse ele.
Era 21:00 horas quando chegamos, estava chovendo muito, mas tinha que prosseguir. Como não sabia onde começar a procurar, perguntei para um taxista que estava parado em frente a rodoviária.
 - Moço, sabe onde fica esse lugar? Marechal N° 233?
 - Sim, sim, deve ficar próximo a praia. Sobe ai que levo você ate la.
 - Só prefiro que o senhor me avise quando chegarmos a essa rua.
 - Ta bem.
Levou uns 20 min. ate chegarmos.
 - Pronto garoto. Essa é a rua.
 - Vlw, me deixe aqui mesmo.
 - São R$ 22,00.
Paguei o motorista e segui a pé ate achar a casa certa, já estava todo molhado e tremendo de frio, ate que olho para o outro lado da rua e vejo ele pela janela. Estava escorado no vidro como uma cara triste e olhar perdido. Atravessei a rua e bati na porta, esperei alguns minutos e ninguém atendeu, ate que bati de novo. A porta se abre e ele estava do outro lado, quando me viu todo molhado e tremendo de frio não conseguiu entender o que eu estava fazendo ali, então olhei pra ele e disse:
 - Perdão.
Uma lágrima escorre pelo meu resto.
 - Jamais pensei que isso podes-se acontecer.
Então ele me olha com os olhos cheios de lágrimas e diz?
 - Eu confiei em você. Achei que você fosse meu amigo.
E uma lágrima triste escorre pelo rosto dele também.
 - Você, é o único amigo verdadeiro que tive, sei que não deveria ter contado. Mas me perdoá.
Depois que digo isso, ele baixa a cabeça e fica calado por alguns minutos. Então levanta a cabeça de novo e agora já em prantos diz:
 - Por favor, não faz mais isso.
E me da um abraço forte.

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